Alta complexidade dos comados pode espantar jogadores mais casuais, mas o mundo aberto impressiona
Mesmo sem ter sido lançado, Crimson Desert se trata de um velho conhecido para os entusiastas dos videogames. Anunciado pela primeira vez em 2019, o jogo surgiu como um derivado de Black Desert Online, MMORPG da Pearl Abyss, mas que tomou um rumo diferente desde sua revelação ao público. Com janela de lançamento para o fim de 2025, tornou-se uma experiência completamente single player fora do universo de seu predecessor e aposta em uma experiência massiva de mundo aberto com grande foco em liberdade de gameplay e combate inovador. Entretanto, o que deveria ser um diferencial positivo se tornou uma barreira significativa até mesmo para jogadores experientes.
O IGN Brasil teve a oportunidade de testar uma versão não finalizada ao lado de Will Powers, representante de PR da Pearl Abyss. Em uma sessão de aproximadamente 40 minutos, tivemos acesso a uma das missões iniciais da campanha, além de uma seleção de quatro chefes que exploram as mecânicas introduzidas ao jogo.
Antes de entrar em detalhes da jogabilidade, é importante ressaltar o trabalho da desenvolvedora em apresentar um espetáculo visual e técnico. Desde seu trailer de gameplay revelado na Gamescon 2023, Crimson Desert chamou muita atenção pela quantidade de elementos e peculiaridades que pareciam extremamente únicos e promissores, mas que deixavam qualquer pessoa calejada com as decepções da indústria bem apreensiva.
O que podemos afirmar é: tudo funciona sem grandes problemas de performance. O mundo de Pywel é vívido e imersivo, a interação com o cenário é impressionante e seus gráficos trazem uma quantidade anormal de partículas em movimento, tudo isso sem comprometer o desempenho de uma máquina equipada com uma RTX 4080.
Desenvolvido no motor gráfico BlackSpace Engine e com suporte às mais modernas tecnologias, Crimson Desert aposta em um realismo alcançado através de pilares como captura de movimento em todas as animações de seus personagens humanóides, interação e destruição de cenário 100% baseada em física renderizada em tempo real e um mapa com área total semelhante à soma de The Witcher 3 com Assassin’s Creed Odyssey. Sim, o mundo aberto é enorme.
Agora com a merecida aclamação técnica, podemos entrar em detalhes sobre a verdadeira experiência (baseada nessa build inacabada). Jogamos com o protagonista Cliff, um mercenário líder dos Greymanes, em sua jornada por Pywel, um continente fantástico que sofre com uma guerra civil após seu rei cair misteriosamente em um coma mágico. Na missão inicial de nossa jogatina, que deve se passar ainda na primeira hora do jogo, lutamos contra outro grupo de guerreiros bárbaros chamados Blackbears. Por não termos tido acesso à um tutorial propriamente dito, fomos jogados em uma batalha lotada de inimigos rápidos e extremamente agressivos. A seleção padrão de comandos não é comum, mas esse não é grande obstáculo. A maior dificuldade está na combinação excessiva de botões.
Existem ataques leves, fortes, de estocada, mágicos, agarrões direcionais e neutros, golpes de luta livre, chutes, ataques à distância e mais. A grande maioria desses movimentos são acessados através de dois botões pressionados juntos, como Triângulo + Bola (joguei em um controle de PS5) para realizar o agarrão e R1 + R2 para fazer o ataque que aparenta dar mais dano. Parece uma abordagem arriscada, indo na contramão de uma tendência a controles mais intuitivos nos jogos.
Tive muita dificuldade logo na primeira batalha. Os ataques mais simples pareciam não fazer efeito significativo, enquanto não estava familiar com os combos e magias. Fora do lado ofensivo, a defesa com escudo não segurava mais de três ataques sem esgotar totalmente a energia de Cliff, que apanhava de mais de dez inimigos ao mesmo tempo. Também existe uma esquiva, mas que não é nem responsiva, nem ágil o suficiente, além de um sistema de parry, que também foi difícil de experimentar pela velocidade altíssima de todos os oponentes. Skill issue? Talvez, mas o combate me parece ser mais complicado do que deveria.
Após duas tentativas, consegui passar esse “moshpit” de Blackbears e fui apresentado à quatro opções de chefes. Powers explicou que cada um mostrava um tipo de abordagem, um “rápido e irritante”, nas próprias palavras dele, outro mais parrudo e que exigia interação com cenário para tirar maior proveito da batalha, além de outros dois que exploravam outras mecânicas. Escolhi o chamado “Reed Devil”, o tido como irritante, mas que pensei que seria uma boa opção para entender como seria um chefe ágil em meio à um combate acelerado. Posso afirmar que me arrependi um pouco. Deixo abaixo um vídeo, divulgado no próprio canal de Crimson Desert, mostrando um jogador mais familiarizado com os controles na batalha com o chefe.
Após uma dose alta de frustração e uma saraivada de flechas explosivas, que nesta build estavam particularmente fortes, o chefe foi derrotado e meu período de testes acabou.
Apesar de todos os pesares, acredito que o saldo para Crimson Desert ainda é positivo. Provavelmente a maioria dos jogadores não irá se aventurar em aprender todos os comandos, e sim focar em apenas três ou quatro que se mostram mais efetivos. Isso faz com que o “teto de habilidade” seja bem mais alto do que outros jogos convencionais, o que pode atrair um público hardcore que certamente irá dedicar centenas de horas ao título da Pearl Abyss.